Eu acabei de assistir “Uma Prova de Amor”, ou “My Sister’s Keeper”, no original. É um filme muito lindo, mas eu chorei demais. Tô sentindo uma estranheza depois que eu assisti… O filme é sobre uma família que tem uma filhinha com leucemia. Ela precisa de um transplante de medula, mas ninguém da família é compatível. Os pais dela resolvem ter outro filho, geneticamente “arquitetado” para ser compatível. Nasce uma menina, que doa a medula. Ocorre que depois de duas doações, a filha com leucemia passa a ter problemas nos dois rins, que não funcionam mais, e ela precisa de um transplante. Mas… e sempre tem um mas, e neste caso ele é enorme, aos 11 anos a caçula resolve se negar a doar o rim. E pronto, isso é tudo que eu posso falar.
Mesmo sem contar o desenrolar da história, eu posso dizer que é um lindo filme. Ele não é contado de maneira linear, vai e volta de vez em quando pra trazer à tona momentos da história da família que esclarecem coisas que acontecem no presente e que a gente só entende depois que vê os flashbacks. Ou que, pelo menos, trazem um pouco mais de beleza, ou tristeza. Na verdade não é exatamente um filme triste, em tese deveria ser apenas bonito, afinal de contas doenças e morte fazem parte da vida, mas quem é neste mundo, que lida com doenças como leucemia numa criança/adolescente de maneira serena e natural? Todos vamos morrer, e eu adoraria enxergar esse fato de uma maneira natural, como, simplesmente, parte da vida. Mas nós não sabemos fazer isso. Porque não queremos, porque perpetuamos nossa maneira de lidar com a morte assim, aterrorizada, distante, como se ela fosse um mito, e nem podemos sequer tocar no assunto. Eu gostaria de viver numa outra realidade. Acho que a maioria dos medos da vida deixariam de existir se não tivéssemos medo da morte. Por outro lado, algumas mortes são piores do que as outras. E a morte em crianças não é exatamente natural.
Antes que eu perca o fio da meada vamos voltar ao filme. Os mais críticos, aqueles que gostam de procurar pequenas incompatibilidades entre a obra e a realidade para apontar falhas de roteiro, desculpem, mas eu costumo ignorar se for algo realmente irrelevante. Porque é um filme, e porque por mais que a arte imite a vida, o cinema não deixa de ser uma fantasia, é o tipo “como seria se fosse”, entendeu? Não é documentário. É claro que quando as falhas são muitas, ou poucas, mas grandes, aí muda, porque o conjunto não funciona, a gente fica incomodado, não dá pra aceitar. Mas absolutamente não é o caso. Temos um roteiro bem escrito, outra coisa, se a Cameron Diaz provou aqui que pode atuar, e bem, porque ela não faz isso sempre? Tudo na vida é um bom diretor. Abigail Breslin é tão linda, e tão boa, adoro a eterna Little Miss Sunshine. As três crianças são excelentes. Mas eu não queria falar dessas coisas técnicas, eu queria mesmo era registrar a emoção que ficou comigo durante o filme e quando ele acabou.
Porque às vezes, o que importa mesmo é estar com quem se ama, é viver um pequeno prazer que pode se tornar indescritível a depender das circunstâncias, é saber como algumas pessoas são simplesmente inesquecíveis, o que importa é encarar tudo e todos com toda força se a causa for nobre. Eu chorei porque o filme é simples e lindo, e porque diante desse mundo onde tanta gente morre, onde marido mata mulher, onde crianças matam pessoas, eu pude colocar na minha coleção mais um momento raro de beleza, de leveza, de simplicidade, mesmo tendo uma história triste pra contar.