Eu sei, eu sei. Vamos pular essa parte da vergonha.
O fato é que eu estou lendo um livro que tá me dando um prazer enorme: Comer, Rezar, Amar. Foi indicação de um grande e querido amigo, e vindo de quem veio eu aposto de olhos fechados que é coisa boa. Ao contrário do que muitos pensam, o livro não tem absolutamente nada de autoajuda (isso perdeu o hífen?).
É o relato interessantíssimo de uma mulher de 30 e poucos anos que, depois do fim de seu casamento resolve se dar o luxo de viver o que quer. E ela quer viajar por um ano para a Itália, Índia e Indonésia. Estou na parte em que ela está na Itália. Precisamente em Roma. E ela relata que acima de tudo os romanos veneram o prazer. O prazer de viver, o prazer de comer, de não fazer nada, de fazer o que vier à mente, de amar, de serem lindos como “poodles de concurso”.
E tem um momento em que me identifiquei muito! É quando ela conta que, em Roma, foi a uma feira, comprou aspargos, queijo e mais algumas coisas. Chegou no hotel, fez uma refeição totalmente improvisada e ao mesmo tempo magistral, ficou um tempão admirando a própria obra e depois sentou-se no chão, pegou um jornal italiano e fez de tudo para que aquele momento tivesse rara beleza. Comeu sentada no chão de tacos envernizados, pegando um solzinho que vinha da varanda e foi feliz em todos os seus poros. Essa felicidade simples e fácil de conseguir é a minha cara. É como quando eu compro 10 reais em jujubas variadas, uma garrafinha de água e vou ver um filminho água com açúcar (ou água com jujuba!), ou um filminho francês, ou qualquer coisa que me dê vontade de ver. Ou como quando eu chego em casa morta de fome e recolho todas as sobrinhas das delícias de almoços anteriores, reúno tudo num prato maravilhosamente descombinado, pego um copo de suco e sento no chão em frente à televisão, em algum programa de humor barato, ou novelinha agradável, ou o que quer que seja. A felicidade é tão acessível e plena nessas horas! Essa felicidade, só minha, sozinha, eu AMO sentir e jamais dispensarei. Então foi muito legal me identificar com a história deliciosa de Liz, autora do livro.
Aliás, a beleza do livro começou na livraria. Eu ganhei um vale-presente no dia do Jornalista, uma gentileza de uma faculdade aqui de Salvador. Fui à Saraiva, inclinada a pegar este livro especificamente e fui pro caixa. Lá descobri que tinha também um bônus de 15 reais do programa de fidelidade. Resultado: entrei na loja, saí com o livro que eu queria e 10 centavos mais rica. Pois é, ainda tive troco!