“Quem sempre quer vitória perde a glória de chorar”.
Então o Brasil não foi hexacampeão, e agora nosso futebol não vale mais de nada. Seleções campeãs nem passaram para as oitavas. Outras mostraram força inédita e deram testa a grandes equipes. O futebol muda, se mexe, é vivo. Nós fomos às semifinais, junto com outros três grandes grupos. Mas se não formos campeões, não prestamos pra nada.
Por que tanto ressentimento, Brasil? Por que não reconhecer o esforço de quem chegou até aqui? Foi um vexame, uma humilhação, verdade. Mas já “humilhamos” também. Somos os únicos penta campeões. Ninguém é nem tetra. (Atualizando: A Itália é tetra. Quem mandou? Hunf) Por que temos que ganhar sempre?
Curioso, lembrei muito da entrevista que fiz com o escritor e filósofo Luiz Felipe Pondé, na antevéspera desse jogo. Ele falava sobre seu novo livro, “A Era do Ressentimento”. Em uma passagem ele fala: “Todo mundo acha que tem direito a tudo, que o universo deve conspirar a nosso favor, que se você não consegue alguma coisa a culpa é sempre dos outros. Isso gera desde uma dificuldade em você assumir responsabilidades pelo que faz, até uma coisa que eu acho pior, que é uma espécie de ingratidão geral, porque quando te dão alguma coisa, você não realiza aquilo que recebeu, porque você considera que tudo é direito seu , é obrigação de todo mundo te dar tudo.”
E assim vamos sendo uma civilização de mimados, gente que não cresceu, que nunca perdeu nada, que não sabe conviver com o bom e o ruim da vida. Acho que é uma boa oportunidade de trabalhar isso dentro da gente. No esporte, como na vida, se ganha, mas também se perde. E às vezes é surra mesmo.
Aí hoje eu vi jogadores alemães aparecerem na internet pra pedir mais respeito à camisa amarela da seleção brasileira, e que o Brasil é e sempre será o país do futebol. Os ídolos deles são brasileiros, e eles venceram porque trabalharam por isso vendo o Brasil jogar desde pequenos. Podolski escreveu isso em português em seu Instagram. Não é o máximo? Özil disse em seu Facebook que temos um país maravilhoso, um povo fantástico e que esse jogo não pode destruir nosso orgulho. Fizeram sete gols e comemoraram de forma alegre, porém contida. O esporte emociona. É bonito de ver. É doloroso demais perder, e daquele jeito pior ainda. Mas tem sombra e luz no mundo. Alegria e tristeza, vitória e derrota. A expectativa que depositamos nesta Copa não foi superada. E aí? C’est La vie.
Bola pra fr… ops, esqueçamos a metáfora futebolística por enquanto.
Para o alto e avante!