Das habilidades que eu tenho, observar ainda é uma das que faço melhor (parafraseando Saramago, que diz que “das habilidades que o mundo tem, dar voltas ainda é a que faz melhor”, grande verdade). E uma coisa que venho observando nas pessoas é como muitas são personalistas. Egocêntricas, acham que o mundo gira ao redor delas. Tudo que falam é sobre elas. O que elas pensam, contam coisas pelas quais passaram, querem impôr suas opiniões pessoais como se fossem as únicas aceitáveis, acham que suas necessidades se sobrepõem às dos outros, acham que suas experiências são as mais marcantes, elas sabem de tudo, elas conseguem tudo, e se não conseguem colocam a culpa nos outros. Elas não ouvem você: simplesmente esperam você acabar de falar pra voltar a falar de si. E se frustram se você não fizer cara de “meu Deus, a sua vida é tão interessante”. São muito, muito, muito chatas pessoas assim.
Eu faço uma conexão disso com o tempo em que a gente vive hoje. É tanta exposição, tanto Facebook, tanto twitter, tanto Google+, tanta rede social, tanto reality show, que vivemos nessa era de “preciso mostrar quem eu sou, falar de mim, contar meus casos, preciso de audiência”. Freud explica. Tenho certeza que explica. Isso não passa de carência afetiva. Pode ver no Facebook, que hoje é a mais democrática das redes sociais. Dê uma olhada em sua timeline agora. Vai ver quantas pessoas estão fazendo da rede um diário. Contando seus problemas, dando indiretas, exibindo seus pontos fortes em fotos bonitas, frases de impacto, opiniões incendiárias e expondo assim, sua maior fraqueza: essa carência toda. E essa falta de habilidade de debater coisas, ideias, assuntos, sempre caindo na mesmice do “eu, eu, eu”, e sempre despejando suas opiniões formadas, inflexíveis, incapazes de refletir, processar, discutir e, quem sabe, mudar de opinião. Elas não tem opinião. Tem dogmas, verdades absolutas, tiradas não sei de onde. Uma notícia pra vocês: isso é muito chato. Comecem a pensar nisso. Saiam da pauta de vez em quando pra ver se os outros se interessam realmente em trocar ideias com vocês.
E aí, pra fechar, vou deixar o link de uma matéria muito fofa sobre um livro, indicada por minha amiga Letícia, que viu no Facebook de nosso amigo Pedro (o Facebook tem lá sua utilidade). Nesse livro, crianças dão definições sobre as coisas, como uma espécie de dicionário criado por elas. Elas dizem o que significam algumas palavras. Por exemplo (olha como calhou com o assunto do dia): “adulto: pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma”. Hum… sábia definição.
Mas a melhor de todas é sobre Deus: “Deus é o amor com cabelo grande e poderes”. Podia ser mais certo?
Leiam, é bonito demais –> Aqui.