Arrá, olha só, agora eu tenho Sky. Viram como eu estou avançando? Anotem aí uma estrelinha pra mim. E aí no primeiro dia peguei o controle e fui viajando pelos canais, tantas novidades, um monte de coisa, vontade de ver tudo. Aí parei no Viva e fiquei assistindo SuperNanny, só pra passar o tempo. E também porque eu acho super interessante a ideia desse programa. Uma educadora profissional de crianças-problema. Aquelas que não dão sopa pros pais, que acabam virando escravos dos filhos.
A SuperNanny estava numa casa onde os dois filhos, um casal de uns 8 a 10 anos, simplesmente desconheciam a autoridade da mãe. O padrasto quase não participou. As crianças faziam tudo que queriam, bagunçavam, não tinham horário pra nada, batiam na mãe, gritavam com ela, mordiam, choravam, se faziam de vítimas, eram impossíveis. E então a SuperNanny tentou de todas as formas impôr limites, observar a rotina da família e levou a mãe pra uma espécie de trilha. Deu a ela uma mochila bem pesada e pediu que carregasse por um bom percurso. No final, quando ela já não aguentava mais o peso, SuperNanny permitiu que ela se sentasse e abrisse a mochila. Dentro tinha várias pedras grandes, e em cada uma delas tinha algo escrito. Culpa, Medo, Insegurança, Pena, Permissividade e uma série de outras palavras relacionadas ao que aquela mãe sentia. Ela foi jogando cada pedra fora, e chorava muito. E aí ela foi, bem aos poucos, começando a perceber que ela carregava muitos sentimentos que não necessariamente precisava, e que o comportamento completamente equivocado dos filhos era um reflexo de uma total falta de limites. E do fato de que ela tinha pena de educar, afinal educar não é sempre provocar sorrisos e fazer carinho.
Aí eu comecei a pensar em outros universos onde uma SuperNanny seria muitíssimo bem vinda. Relacionamentos amorosos. Sabe aqueles onde um dos dois age feito criança, querendo impôr todas as suas vontades, nunca observando se vai ou não magoar o outro? Que faz com que o outro carregue toda a responsabilidade afetiva que deveria ser compartilhada pelos dois? Hum, imaginei alguns assim. Uma SuperNanny bem poderia ensinar um pouco aos dois. A um, a aprender os limites da imposição de suas vontades; ao outro, a capacidade de dizer “não”.
No trabalho, então, seria ótimo. SuperNanny ensinaria as equipes que trabalham juntas a lidar com a diferença de personalidades. A lidar com o fato de que ali todos são presumivelmente adultos e não precisam (ou não deveriam precisar) de babá pra dizer o que fazer, que horas, essas coisas. Ela poderia também ensinar que trabalho é um lugar onde as relações não são de parentesco, embora um bom relacionamento seja essencial. O que não significa que podemos agir feito filhos, ou amigos que “pongam” no trabalho dos outros. Que ninguém deve ser escada pra ninguém, que dar chiliquinho sempre que algo não sai do jeito que se idealizou é coisa de criança, e trabalho infantil é proibido.
Taí, a SuperNanny da vida seria uma mão na roda. O que prova que apesar de adultos, estamos ainda insistindo em engatinhar em algum aspecto da nossa vida. E que idade tem pouco – ou nada – a ver com experiência e maturidade.