Archive for Abril, 2013

Salvador é poesia pura

limonada

Quem é de Salvador e não tem uma história pra contar tipicamente baiana, daquelas que a gente conta guardando um orgulhozinho de fazer parte desta cidade louca, não é realmente de Salvador. Mesmo que a história seja muito bizarra e reprovável. Eu tenho duas pra contar hoje. Aqui no blog já registrei um fato que ocorreu comigo, algumas amigas e a garçonete Vaninha Atenciosa (que de atenciosa não tinha lá muita coisa). A história de hoje se assemelha.

Recentemente fui almoçar com meu namorado num restaurante perto de casa. Sempre passávamos pela frente sem nunca entrar, até que um dia deu nas nossas telhas de ir lá conferir. Era sexta-feira, tinha um buffet, churrasco, salada, comida de todo tipo. Fizemos nossos pratos e fomos pesar. Perguntei à atendente a quem eu deveria pedir uma limonada (fazia aquele sol de verão). A cara dela se fechou na hora:

– Eu vou ter que ver lá dentro, porque estamos em horário de almoço e as meninas estão almoçando. Espere aí.

Atrás dela, uma outra funcionária que guardava uns utensílios retrucou:

– É pra fazer suco? Tô fora.

E lá foi a primeira, se arrastando pelo salão na maior preguiça do mundo ver se alguém lá dentro podia fazer a caridade, enquanto a gente olhava um pro outro sem entender como um restaurante que abre para o almoço não serve um suco porque quem deveria fazer está em horário de almoço. O que eles queriam? Que a gente esperasse dar duas da tarde pra pedir um suco? Ou chegasse antes, ou tivesse o bom senso de não atrapalhar o almoço alheio? Enfim, eu tinha esperança de que alguém lá dentro tivesse bom senso.

Pouco depois vem a figura mal humorada e larga:

– Infelizmente não tem suco. As meninas estão almoçando.

Pedimos uma cerveja, que essa já vinha pronta. Se não fosse incomodar muito, é claro,pedir que ela voltasse lá e trouxesse a garrafa. Surreal.

A outra história não aconteceu comigo. Uma amiga relatou. Foram ela, o namorado e uma amiga ao Pelourinho curtir um show. Como o estacionamento regularizado cobrava caro, eles resolveram dar um jeitinho. Pararam num lugar próximo. Próximo de uma placa de “proibido estacionar”. Deu cinco segundos e lá vinha o “boa vida” (como diz outro amigo), já velho, semi bêbado, com aquele papo de “e aí, chefia, tô olhando aqui seu patrimônio, deixe comigo”.

O “deixe comigo” na verdade queria dizer “deixe um dinheiro comigo”.

– Oito reais tá bom.

No estacionamento que cobrava caro, eles pediam 10 reais. Mas era por cada duas horas, algo assim. Eles tinham acabado de chegar, estava cedo pro show, iam tomar alguma coisa e passear um bocado antes de ir embora. Os oito reais do “brother” eram só oito, pela noite toda. A placa? Essa todos ignoravam solenemente.

– Oito tá caro, irmão!

– Então eu vou fazer por sete pra você, que pela sua cara eu tô ligado que você é corrente! Você é “brother”!

E bateram as mãos numa espécie de “toque aqui” bem brau (“brau” é coisa de baiano. Difícil de explicar. É o tipo do cara que não come reggae. Ih, também não sei explicar. Baianês é um idioma intraduzível.)

Fato é que o “boa vida” fechou negócio e ficou animadíssimo.

– Olhe, você é tão dos meus que eu vou lavar seu carro, e ainda vou comprar sabão com “meu” dinheiro, e balançava os sete reais que tinha acabado de ganhar.

“Falou!”, “falou!”

E lá se foram todos, cada um prum canto.

Do lado do carro, do brother e da placa de “proibido estacionar”, os policias que assistiam a tudo dentro da viatura provavelmente pensavam a mesma coisa coisa que eu penso sobre a cena:

Salvador é poesia pura.

O descanso da mente

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(Para meditar, ouça Sound Healing)

Incrível como meditar organiza nossos pensamentos. Simples assim, como numa faxina. Limpa a sujeira, joga fora o que é dispensável, organiza as prioridades, coloca cada coisa em seu lugar. O que merece mais atenção, urgência, o que pode esperar. Onde colocar os pensamentos e sentimentos mais preciosos. Polir o que é bom, para que fique mais bonito. Alimentar o que está faminto de cuidados. É um olhar pra si tão carinhoso que todo mundo deveria se dar um momento assim. Meditar é como dizer à sua mente “esse é seu momento. Descanse. Respire, relaxe. Durma. Estou aqui vigilante enquanto você toma seu banho quente e se deita um pouco”. Meditar é estar alerta enquanto sua mente descansa. É quase fazer um cafuné nela. É pensar com carinho no quanto ela tem trabalhado, no quanto está confusa, sobrecarregada. É oferecer seu corpo de presente à sua mente para que ela recobre sua força. E também dar ao seu corpo algum tempo numa posição confortável, porém firme.

Já reparou que mente não tem descanso? Nem no sono. Ela está lá, sempre criando situações, revirando problemas para encontrar uma saída. Está sempre procurando respostas para questões pendentes, uma ideia nova, ou remoendo bobagens, ou resolvendo todos os pequenos problemas do dia a dia. Ou se ocupando com algo bobo, ou trabalhando por você, ou contra você. O bom é que quando você medita, você começa a enxergar as coisas com muita clareza. além de normalizar sua velocidade. O modo como anda, respira, pensa. Estamos tão acelerados. E gastando tanto tempo.

Há muitas formas de meditar. Uma delas é respirar, de forma tão tranquila que o ar passa a ser quase uma brisinha passeando pelo seu corpo, quase sem ser notado. É assistir os pensamentos chegando e saindo, passando, até que todos eles tenham se apresentado e ido embora. Não se detenha. Quando sentir que estão ficando cada vez mais raros, comece a falar com sua mente. Dê a ela o que ela precisa. Descanso. Seja gentil com você mesmo. Não pense se já se passaram cinco minutos ou dez ou vinte. Isso importa pouco. O fundamental é sentir o silêncio dentro de si mesmo.

Seja qual for o efeito de sua meditação não há nenhuma possibilidade de ser negativo. Pelo contrário, será positivo, mesmo que seja diferente pra cada um. Isso não foi uma aula de meditação, não estudei o assunto, não sou nem tão esotérica assim. Só quis compartilhar uma experiência que sempre me fez sentir melhor e espero que faça bem a vocês também. Bom descanso!

5 coisas que eu queria agora

5 coisas que eu queria agora:

1. Soninho bom na minha cama.
2. Chuvinha lá fora.
3. Beijo do meu amor.
4. Capuccino do salão.
5. Alguém mexendo no meu cabelo.